segunda-feira, 12 de novembro de 2007

DIFICULDADES SOBRAM...

Já apoios e vontade política... Trabalhar com desporto no Brasil é missão por demais espinhosa. No paradesporto, às dificuldades tradicionais se somam várias outras. E a total falta de apoio e interesse político dos agentes públicos é particularmente curiosa. Afora momentos de holofotes, são raríssimas (para não dizer inexistentes) as iniciativas para fomentar as práticas paradesportivas.

O RS PARADESPORTO mantém uma equipe de basquete em cadeira de rodas há alguns anos, sem qualquer apoio financeiro e sem qualquer incentivo do Poder Público (embora seja dever do Estado garantir à Pessoa Portadora de Deficiência Física direitos plenos de acesso às práticas desportivas). Pois tudo que temos do Poder Público é o espaço para treinamento (nada mais!).

Agora, às vésperas do início do campeonato brasileiro, mais uma vez a omissão do Poder Público para conosco foi revoltante. Primeiro as dificuldades, empecilhos e falta de vontade política para garantir o transporte da delegação até o Rio de Janeiro (em projeto que, inicialmente, estava orçado em não mais do que R$ 6 mil). Superada a dificuldade, com o apoio fundamental da Aeronáutica, novas portas fechadas quando solicitado veículo para auxiliar no transporte das cadeiras de rodas de basquete entre o Ginásio Tesourinha e a Base Aérea (aproximadamente 40 Km). A solução, já tradicional, foi realizar o "carreto" em carro particular dos atletas (foto ao lado).

Feito o "carreto" das basqueteiras. Novo obstáculo: o vôo foi marcado para o começo da manhã e, portanto, nossa delegação deveria estar na base aérea, no máximo, às 8 horas. A solução, mais uma vez, dependia, exclusivamente, da força e da garra dos Guerreiros. Afinal de contas, cair cedo da cama e realizar longos deslocamentos em transporte público não é novidade alguma para quem diariamente está acostumado a enfrentar esses tantos obstáculos da sociedade. A novidade eram dez cadeiras de rodas, espalhadas por todas as zonas da Capital (de norte a sul), subindo em ônibus de linha, para, finalmente, se encontrarem na Estação Mercado Público do Trensurb (o nosos trem urbano, que cobre trajetos na Região Metropolitana). Toda cercada por escadarias, a Estação foi invadida pelos Guerreiros, numa manhã que, certamente, não será esquecida pelos funcionários que cobriam serviço.


O paradesporto tem sim muitas dificuldades. Mas quem consegue largar essa função, diante de tamanhas demonstrações de força ? Baixar a cabeça diante de um obstáculo sempre é mais fácil, mas não honra um verdadeiro Guerreiro. Muito mais do que os momentos de ação dentro das quatro linhas, é preciso saber que a cada momento será necessário colocar-se à disposição de algo muito maior, de uma causa que nunca terá fim.

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