"Valente galo de rinha,
guasca vestido de penas;
quando arrastas as chilenas,
no tambor de um rinhedero,
no teu ímpeto guerreiro,
vejo um gaúcho avançando
ensanguentado, peleando,
no calor do entrevero.
Pois assim como tu lutas,
frente a frente, peito nu,
lutou também um xirú,
na conquista deste chão;
e como tu, sem paixao,
em silêncio, ferro a ferro,
caia sem dar um berro,
de lança firme na mão.
frente a frente, peito nu,
lutou também um xirú,
na conquista deste chão;
e como tu, sem paixao,
em silêncio, ferro a ferro,
caia sem dar um berro,
de lança firme na mão.
Evoco neste teu sangue,
que brota, rubro e selvagem,
respingando na serragem
do teu peito descoberto,
o guasca no campo aberto,
de poncho feito em frangalhos,
quando riscava os atalhas
do nosso destino incerto.
que brota, rubro e selvagem,
respingando na serragem
do teu peito descoberto,
o guasca no campo aberto,
de poncho feito em frangalhos,
quando riscava os atalhas
do nosso destino incerto.
Deus te deu como ao gaúcho,
que jamais dobra o penacho,
essa altivez de índio macho
que ostentas já quando pinto;
e a diferença que sinto e que o guasca,
bem ou mal,
só luta por um ideal
e tu brigas por instinto.
que jamais dobra o penacho,
essa altivez de índio macho
que ostentas já quando pinto;
e a diferença que sinto e que o guasca,
bem ou mal,
só luta por um ideal
e tu brigas por instinto.
Por isso é que numa rinha,
eu contigo sofro junto,
ao te ver quase defunto,
de arrasto, quebrado e cego,
como quem diz, não me entrego,
sou galo, morro e não grito,
cumprindo o fado maldito
que desde a casca eu carrego.
eu contigo sofro junto,
ao te ver quase defunto,
de arrasto, quebrado e cego,
como quem diz, não me entrego,
sou galo, morro e não grito,
cumprindo o fado maldito
que desde a casca eu carrego.
E ao te ver morrer, peleando,
no teu destino cruel,
sem dar nem pedir quartel,
rude gaúcho emplumado,
meio triste, encabulado,
mil vezes me perguntei:
por que é que não me boleei
para morrer no teu costado.
no teu destino cruel,
sem dar nem pedir quartel,
rude gaúcho emplumado,
meio triste, encabulado,
mil vezes me perguntei:
por que é que não me boleei
para morrer no teu costado.
Porque na rinha da vida,
já me bastava um empate,
pois cheguei no arremate
batido, sem bico e torto,
e só me resta o conforto,
como a ti galo de rinha,
que se alguém dobrar minha espinha
há de ser depois de morto." (Galo de Rinha, poema de Jayme Caetano Braun)
já me bastava um empate,
pois cheguei no arremate
batido, sem bico e torto,
e só me resta o conforto,
como a ti galo de rinha,
que se alguém dobrar minha espinha
há de ser depois de morto." (Galo de Rinha, poema de Jayme Caetano Braun)
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