domingo, 12 de agosto de 2007

Acessos a pontos turísticos foram reprovados

Em visita ao Bondinho do Pão de Açúcar e ao Corcovado, atleta cadeirante identifica falhas

Carol Bellei

Rampas de acesso, elevadores, esteira rolante, banheiros adaptados. Em época de Parapan, será que o Rio de Janeiro está preparado para receber os deficientes físicos de maneira adequada? Alguns pontos turísticos da cidade, como o Bondinho do Pão de Açúcar e o Corcovado, já têm acessos adaptados para deficientes, mas as medidas ainda não são o bastante.

Antes mesmo de chegar ao Cristo Redentor, já no Trem do Corcovado, o atleta paraolímpico e cadeirante, Glebe Alves, identificou alguns problemas. Apesar da boa vontade dos funcionários do local, que ao avistarem um deficiente se mostram solícitos, o trem não está preparado para receber, pelo menos, pessoas com cadeiras de rodas. Nos vagões, a entrada é estreita, não há um lugar específico e a cadeira fica no meio da passagem, sujeita a esbarrões dos outros passageiros. Mas, segundo Alves, estes não são o problema principal.

"Durante a viagem, por ladeiras íngremes, a cadeira fica solta, o que pode provocar um aciedente.Tive que me segurar durante todo o percurso."

Glebe Alves

- O pior é que os vagões não têm cinto de segurança e nem uma presilha para segurar a cadeira, como se vê no exterior. Durante a viagem, por ladeiras íngremes, a cadeira fica solta, o que pode provocar um acidente. Tive que me segurar durante todo o percurso. Além disso, cada vagão tem espaço para no máximo duas cadeiras. Se a seleção de basquete quiser fazer este passeio, não sei como será – afirma o jogador da modalidade, que disputou as duas edições do Parapan e as Paraolimpíadas de Atenas, mas não está na equipe atual por motivos técnicos.
E, às vésperas da competição, a funcionária Rosana Silva revela que não houve nenhuma adaptação no local para receber os deficientes.

- Não foi feita obra ou modificação especial para o Parapan. Todos esses procedimentos, como colocar a rampa para ajudar na subida ao trem, são procedimentos normais – diz Rosana.

E no Cristo, as reclamações não param. Alves também não aprovou as escadas rolantes que levam ao monumento. Segundo ele, por ser atleta e ter mais mobilidade, não há tanta dificuldade, mas mesmo assim precisa de ajuda para escorar a cadeira. Porém, outras pessoas podem ter grandes dificuldades. Os dois meios de acesso são a escada rolante e a normal.

- Para mim, é mais tranqüilo, pois como sou atleta, tenho mais força nos braços. Mas outras pessoas, com certeza, terão dificuldade – comenta o atleta de 28 anos, que atualmente treina pela Andef (Associação Niteroiense de Deficientes Físicos).

Já em outro ponto turístico da cidade, no Pão de Açúcar, a reivindicação é por mais rampas. Para Alves, a quantidade no local ainda não é suficiente. Assim como no Cristo, alguns degraus prejudicam o passeio dos cadeirantes.

- A paisagem é nota dez, mas os acessos ganham oito. Ainda é preciso que se façam algumas adaptações – comenta.

Carol Bellei
GLOBOESPORTE.COM
Márcia experimenta equipamento que transporta cadeiras de rodas em escadas
Vistoria no metrô

Nesta sexta-feira, foi realizada uma vistoria em algumas estações do metrô para fiscalizar os acessos para deficientes físicos. Desnível entre o trem e a plataforma, falta de rampa de acesso e de elevadores, e a ausência de marcação no piso para os deficientes visuais foram alguns dos problemas encontrados.

"O ideal seria que as estações tivessem elevadores."
Márcia Mury

- Das 33 estações metroviárias existentes, apenas três são totalmente adaptadas às necessidades dos portadores de deficiência. Ainda temos muito a avançar nessa questão, mas estamos caminhando – declara a deputada Sheila Gama, que também é presidente da Comissão de Defesa da Pessoa Portadora de Deficiência (PPD), da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj).

Uma das medidas tomadas para o Parapan foi a compra de um equipamento importado do Canadá, o transportador de cadeira de rodas, que ajuda os deficientes a descer e subir as escadas. Porém, apenas as estações de Botafogo e Del Castilho têm o aparelho, um em cada. Mas para a cadeirante Márcia Mury, que acompanhou a inspeção, o equipamento ajuda, mas é desconfortável.

- Esse transportador é melhor do que sermos carregados no colo, mas o perigo ainda é grande. Tenho muito medo de cair. Esse equipamento funciona como um paliativo. O que queremos é a independência dessas pessoas, para que o direito de ir e vir seja garantido a todas. O ideal seria que as estações tivessem elevadores – declara Márcia.


Fonte: www.globo.com.br

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